terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Há palavras que nos beijam como se tivessem boca....




"Há palavras que nos beijam como se tivessem boca.... Palavras de amor, de esperança, de imenso amor, de esperança louca...."
Não sei de quem é esta frase mas só me lembrei dela porque tenho palavras que andam a bailar na minha cabeça e enquanto penso nelas vejo, cada vez mas nitidamente, como era por ti que eu esperava...
Quero, meu amor, que o meu corpo seja a vítima dos teus dedos e que a tua pele seja o meu alimento….
Depois... que a tua língua procure todos os recantos do meu corpo até me arrancar um suspiro…...
Quero beber todos os teus rios até acalmar a minha sede e sentir o prazer habitar as mais ternas moradas do meu corpo…
Juntos num só desejo e num só universo, entregar-me-ei a ti com loucura e paixão para que me enchas de prazer...
Quero que a noite seja eterna e o dia não exista para poder estar nos teus braços e fundir-me em carícias...
Quero que me beijes tão profundamente que não haja lugar para dúvidas...
Quero-te dentro de mim como um fogo impossível de apagar….


Há dias assim...



Há dias assim... em que se aprende
que não importa em quantos pedaços o coração foi partido,
o mundo não pára para que o consertemos...
Há dias em que se aprende
que o tempo não é algo que possa voltar para trás...
Portanto, plantemos o nosso jardim e decoremos a nossa alma
em vez de esperar que alguém nos traga flores....
saberemos então que,
como um toque da luz, realmente podemos suportar...
que somos fortes, e que poderemos ir muito mais longe
depois de pensar que não se pode mais....

"Os sonhos são feitos de sonhar..."




"Os sonhos são feitos de sonhar..."
Do ir e voltar do mar...
Da viagem do imaginário...
Do sentido que damos às coisas...
Da importância de sermos e não sermos nós...
Do silêncio e o que fica do sonho...
...
"...Como uma onda do mar...
Num indo e vindo infinito...
nada do que foi será..."
....
A espera nem sempre é doce...
nem sempre leva a novos reencontros
como se fossem a primeira vez...
depois... podíamos estar disponíveis para o fogo
mas também para as lágrimas
ateando os dias e acordando os longes...
o coração é frágil e nas tuas mãos se aconchegou...
agora poderá vir o assombro e como a estrela...
acaba por nunca chegar!!!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

As minhas mãos...




"As minhas mãos
voam em círculo
rasando suavemente
sobre todo o teu corpo
sem encontrarem
lugar onde parar...
Interrogam e respondem,
Pousam e levantam,
procurando reler
onde nascem os teus rios...
e então descem...

Chamar-lhes-ei
todos os nomes que sirvam
o desejo...

Confusas, perguntam
os caminhos onde encontrem
a vertigem do sentir...
e por atalhos
chegam a recantos
do teu corpo
e se apropriam
do teu fruto duro,
objecto da espera,
ajustando-se plenamente a ele
e nunca se queimando..."

O momento é possível...





As palavras...sentimo-nos muitas vezes fortes e justificados por elas...decalcamo-las muitas vezes nas paredes, na pele, numa emoção...pensamos assim aquietar ilusões que chegaram mas...de repente o seu rosto é estranho e acusador como um espelho...depois há as respostas que sabemos sim existirem em nós e um dia conduzir-nos-ão às certezas e então sentiremos o tal "sabor agradável na boca"...

…pedir-te que sejas paciente com tudo o que está por resolver no meu coração e tentar amar as perguntas como salas fechadas ou como livros que estão escritos, às vezes, numa linguagem que não se entende muito bem…
…um dia perceberás que o momento foi possível, mas não só o momento, porque esse é só um fascínio, mas sim o momento que leva a futuros, onde me possa ver sempre nos teus olhos, brincar com o teu cabelo solto e ir contigo onde ninguém nos possa ir buscar...
Afinal enquanto é noite há estrelas com céu e sombras com pouca luz!...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Dias de cor...


Foto.Barragem Vilarinho das furnas, do blog "Palavras de imagens mil"de Sérgio

Deitada neste cinzento que é o céu...
Esmagada neste dia de surpresas...
Agarro os sons de palavras soltas
e do vento que passa, nas folhas das árvores...
Não há metamorfoses sem vontade
e eu tenho vontade!...
Nas minhas mãos o desejo de reter
tudo o que a vida
pode ser, a partir deste Outono...
Não vou deixar escorrer, pelos dedos abertos,
a areia que quero prender
dos dias de sol...
Não vou perder perspectivas de dias
ardentes e equilibrados...
Depois...
Acordarei nos dias com cor
iniciando os sons
que me levam ao equilíbrio!!...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os teus Olhos Verdes...




Quando te vejo…os meus olhos caminham pelo teu rosto…acariciam tua pele… lambem os teus lábios…e cresce o desejo de contemplar os teus olhos!!!...como gostaria de ter só para mim o olhar desses teus olhos...tão verdes!!!...

Nesse momento o meu coração é teu…e os meus olhos agarram-se aos teus…
É tão bom ouvir-te...é maravilhoso sentir fluir a vida que sinto nas tuas mão e os dias que vamos tendo os dois…

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Natal...Ano Novo!!!






“Toda a noite o rouxinol chorou, gemeu, rezou, gritou perdidamente! …Tu és, talvez, um sonho que passou,… Que se fundiu na dor, suavemente... Cantaste tanta coisa à noite calma, que eu pensei que tu eras a minha alma, que chorasse perdida em tua voz!...”(Florbela Espanca)

e depois é Natal… é noite fria… e de mim nada sei … espero e vejo…que o Novo Ano seja de alegria e me encontre numa noite em que não chore… e me agarre no fluir das horas em que a luz de uma estrela seja guia…
porque sabes…a vida só mudará para melhor no momento em que o decidires realmente fazer...

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Mar...





O mar...solidão robusta... ausência humana...o mar é só mar, sem apegos, matando-se e recuperando-se...o mar não precisa de se fixar em destinos porque se entrega todo, cego e dono apenas de si próprio...se chama por mim apetece-me aceitar o seu apelo, o seu grito... porque me aceita como sua natureza e...não faz exigências...não cobra nada...

Hoje vi o anoitecer no mar... as cores não eram as de sempre...encontrei um céu que ia do azul melancólico ao rosa desmaiado quando o sol se punha...e no mar um verde turvo, estranho ao meu olhar...talvez fossem as lágrimas que me faziam ver tudo de uma maneira estranha e diferente... pensei muito em ti e em tudo o que me foste dizendo ao longo destes tempos...em ti que me compreendes tão bem e me aceitas...amo as palavras, por me permitirem dizer quem sou, o que penso, o que sinto e descobri que me realizo quando alguém se identifica com o que escrevo...
...depois..."O romântico é um ser raro porque sensibilidade não é uma mercadoria à venda"...não sei de quem esta frase...no entanto sou eu...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A luz virá um dia...




De luz e de sombras nasce o Outono
e as folhas vão caindo...
E há algures pingos de uma chuva
que é mais a espuma
dos dias cinzentos...
Depois...
Transformar e esperar que tudo se resolva...
Que tudo nasça...
Porque Outono é sempre transformação
não é paragem...
É adormecimento vizualizado
não é paragem...
...
A apoteótica luz virá um  dia
fazendo-me sentir a salvo
de mim própria!!...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Praia que foi de maré cheia...






Iremos juntos
Sozinhos pela areia
Embalados na noite
Colhendo o que o mar da ilusão
Deixou para nós
Numa praia que
Foi de maré-cheia...

As palavras que dissemos
Serão aquelas
De que me lembrarei
Nas noites de brisa suave
Onde virás comigo
No imaginário das ondas
Que surgem com o vento...


Terei então saudades...
Saudades daquilo que
Vivemos junto ao mar...

sábado, 28 de novembro de 2009

Detenho-me no limiar do grito...


( O grito munch)

...como sempre, quando encontro palavras saídas da tua boca, escrevo...e os teus lábios estão aí, húmidos, possíveis...a tua boca suplica que te beije mas os teus olhos continuam impassíveis, com esta distância onde o teu corpo se estende...detenho-me no limiar do grito e gostava de te dizer AMO-TE com as mais audíveis sílabas do silêncio...depois toco o teu corpo e consigo conversar com as tuas mãos...tomo-as nas minhas e no momento preciso em que, ajustado à minha mão e por seu lume tocado, o teu fruto amadurece e endurece...são as tuas mãos mais tarde que sabem o lugar exacto onde o meu sexo se abre e é possível saborear o seu sumo...perdem-se aí...são pacientes as tuas mãos...mãos de fascínios que retardam o meu fruir...usando os caracteres do desejo, do meu desejo, deito-me sobre a tua pele e...faço amor contigo até ao cansaço final...

...sabes...o sonho cansa!!!...um cansaço que dói por dentro de nós...fechamo-nos na memória e conhecemo-nos do sonho ou da espera...

Tiempo Difícil...





"Nos tocó un tiempo difícil de cuestiones, de pocas reflexiones

Donde ciertas decisiones nada tienen que ver com las razones
Nos tocó un tiempo difícil, pero estamos en este viaje
y yay que armarmos de paciencia, yay que armarmos de corage
para poder resistir, el embate de existir(...)
Este tiempo necesita nuestra mano,
se procurarmos juntos lo haremos mais temprano"
 ( Júlio César Barbosa, "Este tiempo", Barcelona 2001)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Meu Caminho...





O meu caminho não é de relva suave, é um trilho de montanha pejado de muitas pedras…no entanto persisto, agarro, aguento…

As tempestades fazem os carvalhos lançar raízes mais fundas!
E há sempre um rio que nasce perto dos lábios de quem alimenta a sede e sabe usar o que tem para aprender ….
Às vezes, parece que as palavras não são suficientes e os nossos desejos e anseios não chegam e espalham-se pela brisa, nos imensos dias que levam ao conhecimento…
No entanto, saberei sempre, que o despertar do horizonte começou no exacto momento em que, de madrugada em madrugada, fui transformando, criando, esculpindo aquilo que será a minha próxima Estação…
E então, antes que a memória apague e esconda a inquietação de quem viveu tantas vezes de alegrias e tristezas…quando o frio devassar, muitas vezes sem explicação, impacientando os desgostos de Inverno, procurando os indícios de infância…
Possa lembrar-me, em matinais silêncios e mesmo que fatigada pela travessia dos dias, a nesga de cor, o rubor das flores, o improviso da paisagem, as palavras intranquilas e a força de vontade que me foi deslumbrando os olhares….
Acredito que mesmo correndo riscos, ao seguir certos caminhos abandonando outros, sem medos mas com determinação, lembrar-me-ei sempre que a montanha será fácil de subir se acreditar em mim e naquilo que sou capaz de realizar…

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Teremos todo o tempo do mundo...








Como barco, onda, utopia, nuvem, mar…

Sítios onde me perco e procuro...


Tudo parece simples
Porque as palavras se despem e
Vestem as frases que escrevo no poema…


Ainda hoje não sei porque é preciso explicar tudo….
Não sei porque vejo os dias sentados na praia à minha espera…
Acreditando no fascínio das ondas…
Iludidos…


E sabes?


Nunca me perdi na rua como no tempo…
Nunca me perdi no tempo como nos instantes…
E nunca o acaso me olhou da praia e desejou…
Que eu fosse além do destino profundo da espuma leve…


Depois…


Todos os rios conhecidos moram aqui...
Na fonte dos caminhos... no teu peito...
Não te digo hoje....
Não te digo amanhã....
Porque do tempo
Tenho apenas a leitura das palavras
e...em cada letra uma espiga só
E em cada poema
A demora das searas....
.....

Nunca me perdi na rua como no tempo…
Nunca me perdi no tempo como nos instantes…
Por isso procura-me quando a lua nascer...
Terei a voz mais submissa e serei escrava....
E…Quando te cansares…
Com as minhas mãos acordarei
O que em ti se deixou adormecer...
....

Teremos todo o tempo
Do mundo
Para clarear os deslumbramentos
E arranjar os prodígios
E serenarmos
Os princípios da tempestade...

domingo, 22 de novembro de 2009

O Olhar...







O mistério é o olhar e não os olhos...
num olhar alguém mostra o que é e por isso pode ser para nós intolerável...
é uma sensação de abismo...
talvez realmente seja mais importante fechar os olhos ...
sentir o outro através da lua, do silêncio e da escuridão...
porque a luz, efectivamente, pode ser a destruição!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O sol a morrer..ou a nascer...





O sol a acender-se com perguntas que provocam perguntas...
E as mãos atadas diante do rosto...
A fuga ao silêncio a perder-se em palavras na "morte do dia"...
Reconhece-se então aquele que se afogou em sonhos e se desfez em palavras...


Gosto bastante da imagem do sol mas...é sempre tempo de acabar com a morte do dia se pensarmos que nascerá um novo dia??!!
"E quando para mim olhares...Sim."
...a vida estará sempre cheia de logros, de desafios. É melhor admiti-lo e decidir ser feliz agora, de todas as formas.Não há um truque, nem um caminho para a felicidade, por isso aproveita bem, por tê-lo partilhado com alguém especial...tão especial que te leva no coração.
Depois...recorda que a felicidade é um trajecto não é um destino e então, para que haja um desejo de libertação, ama como se nunca te tivessem magoado e dança como se ninguém te estivesse a ver...



As margens do sonho...







Tenho, por vezes,

Um desejo escondido...
Uma brasa dormente...
Muitas vezes confusão,
Guardada com certo cuidado!
O meu jeito de fazer
As coisas...
(Muitas vezes às avessas)
Que leva à estranheza,
Às vezes mesmo absurda
...
A palavra...
O meu grito por vezes assustado
E tantas vezes transformado…
Sentir a cor dos regressos e das ausências...
Do tempo e das sombras...
Viver nas margens do sonho, dourados prodígios
que seguram as palavras
onde quando sentimos,
naufragamos...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Açoriana





                                                       Ilha do Pico vista da ilha de S. Jorge




És ilha de um arquipélago atlântico,

Levedando o magma de um vulcão adormecido.
Tens erupções de palavras, por vezes
Abruptas e luminosas.
Outras vezes, suaves, emergem e deslizam;
Lentamente descem encostas a poente.


No limiar da lava, fervilha o mar,
Onde também se insinua
A erva doce, a flor do salgueiro, o vinho de cheiro.
Assim também, imprevisível, nos visitas;
Com teus poemas, ora inflamados ora serenos.


Mas sempre estás contemplando
A vastidão do mar e dos amigos
À janela do teu sorriso, à varanda do teu querer,
Na amurada do tumulto, azul profundo.
               de ZT

(Obrigado por saberes descrever tanto de mim...obrigada pela amizade!)
              

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Palavras que desconhecemos...





...pensamos muitas vezes com palavras que desconhecemos...a doçura do Amor...o fio do abismo...o fascínio que ultrapassa as coisas...é no fio do abismo que tudo se torna mágico e o fascínio pelas coisas cresce...depois só queria apagar-me no teu peito, suavemente...enquanto nos teus olhos vejo e sinto a tua respiração, numa solidão que é absurda...e sabes??!! Somente a memória permanece, para que cada carícia possa sempre ser outra....

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A tristeza...






Tantos dias...tantas noites...a  tristeza é para mim uma coluna em chamas que passa pela minha cabeça, esmaga-me o coração, crispa-me o olhar...é ausência absoluta...é uma ânsia?!!...
...a tristeza vai avançando devagar sobre as arestas do meu mundo e torna-se tristeza de todos os lugares, de todas as coisas, de todos os olhares...
depois... as palavras avançam para os nossos rostos e dilaceram as dúvidas mais íntimas, num murmúrio de desolação...é a realidade que me dói...
as palavras não saem mas avançam e como essência, alastram e explodem na boca, nos sentidos...
a realidade dizima-me... dizima-te e arrasa com a quotidiana esperança das coisas que queríamos que fossem metamorfoses...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Submisso instante...








Entre a sombra e a noite

Há um submisso instante...
E nessa hora vive-se devagar
Olhando o mar...
Depois...
Existe uma solidão
Que é feita da intensidade
Dos sentidos...
De presenças frágeis...
Mas que é intocável
Porque é só nossa...
...

Talvez um dia possa habitar na sombra
Onde te hei-de procurar...
Encontrando talvez nas tuas mãos
O submisso instante,
Onde o percurso, recto ou sinuoso,
Fará o trilho do tempo ao coração...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Precaridade...





Não espero nada e desde que o resolvi, ganhei tranquilidade….depois há esta dor de todas as ruas vazias…caminho na língua aguçada deste silêncio… na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abismo….sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e às vezes de acabar comigo mesmo… mas gosto da noite…gosto do deserto, e do acaso da vida…. gosto dos enganos, da sorte e dos encontros inesperados….onde o medo tem a precariedade de outro corpo...depois...

A maior perda da vida é o que morre dentro de nos enquanto vivemos (Norman Cuisins)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

...nunca nos darmos por vencidos...





Talvez... porque afinal o que nos sustenta é a consciência que temos, mesmo podendo ser tudo falso o que considerávamos perpétuo nas nossas certezas e definições, nunca nos darmos por vencidos…
e acabar com as certezas não quebra, porque a estabilidade vem de dentro e não de fora…

Depois... e porque pouco importa as direcções e as distâncias…

Só quero ser a tua nuvem para te abraçar na neblina…
e na ilha das tuas raízes…das raízes dos teus sonhos…
onde se junta a água com a rocha…
ser impossível esconder que estivemos juntos
nos horizontes perdidos deste mar…
através do aconchego das águas espelhadas…
onde a nossa vontade foi uma presença de margens inventadas…
onde podemos voltar sempre…sem medo de nos perdermos um ao outro…



domingo, 8 de novembro de 2009

Há noites...



Há noites em que morremos de tristeza,

À espera que uma estrela nos rebente no olhar...
Como quem olha pela última vez o destino
Das sombras, a noite vem, lentamente,
Retomando aromas e sons
Que a claridade do dia já não quis...
É então que ressaltam emoções, desordenadamente guardadas no peito
E os pássaros voam quase loucos,
À procura do sol...
Não vieste esta noite...
Nem houve estrelas...nem houve aromas...
Somente a tristeza permaneceu na espera do meu olhar!!...

O momento...





Na estrada que podia ser esta …deixamos crescer as palavras e os rios...pressentimos a febre deste novo encontro e depois...olhamo-nos nos olhos e estávamos disponíveis para o fogo mas também para as lágrimas... ateando os dias e acordando os longes... Pelo corpo quisemos ir atrás da luz que descia sobre o coração das palavras que não eram precisas serem ditas...
...foi bom beber o sabor do amor na tua boca e entre as minhas mãos as tuas mãos aconchegavam-me e na pele suada escrevia as letras do assombro...a boca sobre a boca, o fogo, o grito, a dádiva do corpo...
...sei que estaremos sempre prontos para o reencontro e reinventaremos o Amor "com carácter de urgência" para que o momento da espera, a memória o preserve e guarde quente e doce o sabor do mel que demos hoje um ao outro...


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Amor...ou o sonho das nossas raízes!!



Mais do que um sonho sonhado...

que uma mão estendida para embalar...
mais do que sonhar os mesmos sonhos
ou doer as mesmas dores...
muito mais do que o silêncio que fala enquanto adormecemos...
ou da voz que cala, para ouvir...
é o Amor o alimento
que nos sacia a alma e nos faz gostar do respirar do outro
enquanto dorme...
Depois...só se consegue adormecer, abandonado, ao lado de alguém em
quem acreditamos porque há confiança... e podemos sonhar!!!




quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ama-me...



... escrevo e as palavras parecem ausentes do tempo que as trouxe...há um espaço por ocupar entre o que penso e o que digo...a cumplicidade dos silêncios muitas vezes é mais tangível e absoluta que as palavras que se usam e se escrevem... as palavras fogem às exigências dos sentidos e muitas vezes não consigo comandá-las e hesito, tropeçando nos degraus que as habitam... será que tu virás quando te chamar?!...o olhar sobre o olhar, depois as mãos... ama-me agora mais do que nunca, para que nada mais caiba entre nós que este afundar, este amansar dos rios a que nos entregamos... ama-me, na solidão, mais do que nunca, para que tudo se incendeie um dia novamente e haja uma janela aberta com um ramo de flores, à espera de ser por nós reinventado...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Neblina...



Com a boca encostada à areia da praia
respiro o odor da nostalgia que esta neblina me traz...

As gaivotas despenham-se sobre o mar
e no indefinido adeus, trazem a vertigem do silêncio...
Será que também trazem o desejo?!
As mãos estendidas, abertas, pedem o fascínios dos dias sem dúvidas...
Afinal na vida o que importa é partir, não é chegar...
Aprenderemos a caminhar sem esperar alcançar a chegada ...
O romance da viagem é na realidade o que mais interessa e o que mais desperta a criatividade e não o destino da viagem...
Depois..
No meu caminho

um vislumbre de sol e de carinho…
uma sombra transformada em neblina...
No entanto "feliz nos sucessivos luares primaveris(...) a escrita faz-se"...
e, por vezes, a vida inteira para dizer uma palavra!!!!
...também porque estamos condenados a pensar com palavras, a sentir com palavras... porque escrever é, pois, fundamentalmente, tentar esclarecer e fixar uma inquietação....
"felizes os que chegam a dizer uma palavra!" (Virgílio Ferreira)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Quase noite...





Muitas vezes,

nos dedos que tacteiam carícias,
está o segredo...
Não sei se morrem
ou se nascem alentos,
mas ao tocarem a pele,
levam a música
das margens que precisamos,
para desvender os mistérios e começar os prodígios...


Depois... a simplicidade
de um desenho
onde existe uma quase noite
que nos traz um brilho especial, porque diferente,
faz acender os sorrisos...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Algures...

"...e vinha a luz

e guardava-te e eu guardava-te
também em lugares mais seguros
que fotografias
ou poemas"...(Sophia de Mello)
e um dia dizias:
...o sol terá a cor para que tenhas sempre um norte ao qual voltar...
então todos os dias te amarro numa palavra e quando me olho, na esgotante loucura dos dias encontro a escuridão mas ...talvez tenhas razão:
...existe algures a luz de um coração...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As emoções ...as palavras




Gostava de olhar-te com os olhos...

Saltar sobre o tempo e arranjar as palavras
Das emoções que me trazes...
Gostava de reacender velhas luzes,
Que pertencem às memórias
E que tu também conheceste...
As palavras...
Sentimo-nos muitas vezes fortes
E justificados por elas,
Decalcamo-las muitas vezes nas paredes,
Na pele, numa emoção...
Pensamos assim aquietar ilusões
Que chegaram
Mas...de repente o seu rosto é estranho
E acusador como um espelho...
A nostalgia das palavras faz-nos indefesos...
Os nossos rios começaram
a correr ao contrário
E sentimos o chão que pisamos inseguro...
Pensamos então que as palavras
Nem sequer são tudo...
O que fica por detrás delas,
O irrecusável silêncio,
Esse sim é talvez mais revelador
Porque conduz às certezas...
...
Tudo parte e tu também partirás um dia
Deixando somente o silêncio...

sábado, 24 de outubro de 2009

Saudades

…se as palavras já foram todas inventadas, como dizia Almada Negreiros, tentarei entrecruzá-las de maneira a dar novos sentidos ao que sinto e pretendo comunicar...
Quando digo "sinto saudades tuas...." talvez não fosse a melhor conjugação porque a saudade é fruto da separação mas sabes...eu também sinto Saudades daquilo que está tão perto de mim e também sinto Saudades de momentos que ainda não vivi??!!....
Consegues agora entender um bocadinho melhor como sinto saudades tuas mesmo tendo estado contigo ontem??!!....não tem sentido de posse, nem sentido de controle, nem nada relacionado com isso... tem a ver com Amor, com Desejo dos teus olhos, com Vontade de sentir a tua pele, com o Sabor da tua boca húmida....no entanto também tem a ver com o facto de haver alguma serenidade em mim que me leva a dizer-te que tenho saudades tuas... saudades calmas, temperadas por ti...

Percebes agora, Amor, como posso sentir saudades, mesmo quando estamos tão juntos??!!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os dias de Junho...





Às vezes medimos os dias de Junho

Pelo despertar do horizonte...
E muitas vezes
Dói-me o olhar...
E os meus anseios
Espalham-se como a brisa
Na quentura das noites
Conservando a tristeza
Do cair da tarde
Quase me doendo
Por dentro da pele...
Depois...
Busco o teu olhar
Para aquecer as mãos
E encontro as palavras...
Mas antes encosto ao coração
A memória imaginada
Do teu rosto
Não abdicando da luz que me trazes...


O orvalho dos meus olhos
Seca-me, então, a garganta
E por dentro deles a lua esconde-se
Perturbada...
...

Falarás um dia, o que quiseres
Dentro da minha boca
Até que a madrugada nos sossegue
E tudo será indelével
Nas palavras que me disseres...
....

Sabes?
Gosto de ti
Mesmo quando não parece
E...sempre mais
Do que parece!!!

Madrugada




Na madrugada perseguindo a luz…
Na beira do mar
Que nós sabemos tão bem ser nosso…
O tempo é mais fresco
E…
De lábios molhados...
Antes que a memória
Nos apague aquilo que não vivemos….
Imagino os teus olhos
Ardendo no meu ser…

Novembro...a luz



A velocidade da luz é uma medida humana…

É a medida do que precisamos para justificar a nossa medida…
O coração bate… o tempo avança….
E ao mesmo tempo tentamos ignorar que as coisas acontecem…
Delicadamente os dias escoam-se…
Mais rápido do que a luz é o desejo…mais lento do que a luz é o esforço da memória…

A vida é no entanto um mecanismo inquebrável!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


Imagens

De noite o silêncio não apaga as imagens
que estão sulcadas no olhar...

As palavras roçam a nossa cara e por detrás do olhar só a escultura das palavras, no hálito profano das manhãs, nos pode perturbar...

Não abdico da luz mesmo gostando das sombras...
E há um relógio que calcula o tempo de cada gesto, com que abri mão dos sonhos de Infância!!!

Estaríamos no mês de Março e havia um postal ilustrado que podia ter sido meu para ti...e que podia dizer:
Gosto de ti mesmo quando estás longe, no alvoroço de te ter perto...
Gosto de ti quando sorris

ao meu embaraço de te dizer que também preciso de ti...

De noite o silêncio não apaga as imagens das palavras que podem descrever os olhares...

Outono

É quase Inverno...
A tua mão irá sobre o meu rosto reacendendo a minha febre…
Em ti ao longo deste tempo,
Condensaram-se todos os cheiros do desejo…
Preparo-me e preciso das tuas mãos
Preciso de ti para tactear os assombros
Da exaltação que me toma…
Tudo em mim estará preparado
Para gritar o teu nome…
Não hoje, não agora… é demasiado cedo…
Há um tempo certo para o deflagrar dos incêndios!!!!
No entanto não te iludas…
A eternidade é o momento que passa… o que foi feito para ti,
Também foi feito para te esquecer…
Segura então todas as areias que puderes
Porque elas serão a eternidade!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

As palavras

Gosto de dizer….dizer escrevendo. As palavras são para mim corpos tocáveis, sensualidades incorporadas. O desejo mudou-se para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem….e tu talvez digas bem mesmo sem formas verbais…
…Como todos os que se movimentam através de emoções, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas. São frases muitas vezes sem sentido, decorrendo numa fluidez de água sentida, esquecendo-me do ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim muitas vezes esbatidas, onde um luar de ideias aparece com medo, matizado e confuso...