quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Arriscar...




Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas, o longo
caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua
frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que
desaparecer para sempre....

Mas não há outra maneira, o rio não pode voltar a trás...
Ninguém pode voltar, isso é impossível na existência.
Só se pode apenas ir em frente....

O rio precisa arriscar e entrar no oceano e somente quando ele entra é
que o medo desaparece....porque apenas então o rio saberá que não se trata
de desaparecer no oceano,  mas sim, tornar-se oceano...
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós... só podemos ir em frente e arriscar!!!!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Poder das Palavras...







Se me disseres que me amas, acreditarei. Mas se escreveres que me amas,
Acreditarei ainda mais…
Se me falares de saudades, entenderei. Mas se escreveres sobre elas,
Senti-las-ei junto contigo…
Se a tristeza vier e me contares, eu saberei. Mas se a descreveres no papel,
o seu peso será menor…

…e assim são as palavras escritas...possuem um magnetismo especial...
libertam... acalentam...invocam emoções... possuem a capacidade de, em poucos minutos, cruzar mares...saltar montanhas... atravessar desertos intocáveis….
É por isso que deves viver o amor com palavras faladas e escritas....


Matar saudades...pedir perdão... aproximares-te...
Recuperar o tempo perdido... insinuares-te...
Usares a palavra a todo o instante...de todas as maneiras….
A sua força é imensurável….


“Quem escreve constrói um castelo,
E quem lê passa a habitá-lo”…
É por isso que habitarás sempre o meu castelo
E serás dono e senhor dele!!!



domingo, 17 de janeiro de 2010

O caminho da vida é vazio...




..."Dormi contigo toda a noite
junto ao mar, na ilha.
Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água." (Pablo Neruda)
...
Tenho saudades de te contar
os momentos que afinal não vivi
mas que são
tão reais que chegam a doer...
tão verdadeiros que chegam a magoar...

No silêncio intocável
desta tarde ...
onde o mar não se agita
e o perfume dos abraços
não é mais que uma ilusão...
O sabor da terra, da água do mar,
das algas e da aurora molhada...
Leva-me a vontade de permanecer aqui,
agarrada a palavras perdidas...
porque afinal o caminho da vida é vazio
e tu ....tu és tão sozinho como eu neste caminho
onde o sabor dos dias é feito
de pequenos sinais de afecto...
de pequenas frases de luz....
de apegos e desapegos...
que nos enchem os dias e nos fazem sorrir...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sentei-me em frente ao mar...





Estarei sozinha sentada em frente ao mar…
Procurando perder-me na lonjura
Dos dias e dos momentos…

Não quero deixar a serenidade
Dos momentos que vão correndo agora
Na minha vida…
Não quero imaginar esta noite…
Sonhar esta noite…
Por isso me sentei em frente ao mar
Para que a brisa apague e seque
As lágrimas que eventualmente
Teimem em cair…

Amanhã começa o Outono
Amanhã a beleza das folhas das árvores
Vai tornar-se mais interessante…

Hoje existo eu apenas…e o mar…
À espera daquele a quem chamo
O amor da minha vida!!...
Hei-de existir sempre eu apenas e o mar
Sozinha…porque somos sozinhos…

E mesmo não conseguindo entrar no teu olhar
Imagino os teus olhos
Olhando, com os meus,
Nesta noite que podia ser tão nossa…

Junto ao mar as recordações esfiam-se...




Junto ao mar
Adormecem agora, entre as sombras
Dos rochedos,
As recordações que se esfiam
E que o coração em si reteve...
Da solidão as arestas duma lágrima...

Reaprendo a trama, afagando a luz
Nas enleadas águas que entre as mão me doem...
...
Por caminhos (tão diferentes de outros) tu vieste
E trazias-me em ti
Todos os fios de água que a terra te doara...
Vinhas talvez à procura de um rio
Onde escreveres a cor dos teus regressos e ausências
Que ao longo do tempo proclamavam
Vidros de lágrimas pintados de revolta...
...
Tomei-te pela boca...pela nascente dos teus rios...
Já não sei da luz que me trazias:
Eram talvez as mãos que sôfregas procuravam
Os pontos dourados dos prodígios...
...
Nas clareiras abertas dos nossos corpos nus
Construímos portos, plantámos flores...
Mais rubras que o coração ousou...
Com as tuas mãos abertas
Recolheste a luz e a palavra
Falando do sentido dos dias que viriam...
Com os olhares relembro
O teu corpo sobre o meu...
O redobrar das águas...
O assombro gritante do mar...
...
Depois segurei entre as minhas margens
As tuas margens
E mil vezes naufraguei, colhi despojos, mas...
Sempre um longe me sobrou
E...não bastam as palavras
Porque os seus usos vários já se gastaram...
...
Sobre o meu ventre nu
As tuas mãos exilam
E correm rios dourados de prodígios...
Vogam agora ao acaso dum som,
Duma emoção que os transcende...
...
Os pensamentos doem bem mais que as feridas...
Aos pássaros que adormeceram nos teus olhos
Perguntarei pelos teus voos
E dos rios, um dia, beberei
A água das lembranças...
...
Sobra sempre uma palavra transparente
Para recolher o fruto e segurar um novo dia
num murmúrio cansado de esperar...

Flores de Pessegueiro...



Apareceste um dia
E sorriste!
Disseste palavras soltas...
Que soaram a doce e cheiravam
a flores das árvores de pessegueiro...
Depois...
Olhando para ti
Dei-te aquilo que para mim
Se torna sempre especial...
O meu sentido de vivência...
A minha intimidade...
Sem construir fronteiras,
Tentei que acolhesses aquilo que te dava...
E...foi tão bom saber
Que também eu, posso, com carinho
Temperar os teus dias...
e...foi tão bom adivinhar
Poder contar contigo
Quando as manhãs forem despidas
Do cheiro das flores
E já não houver palavras doces nos meus dias...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A Luz...




Busco o teu olhar para aquecer as mãos e encontro as palavras...
Mas antes encosto ao coração a memória imaginada do teu rosto...
Não abdicando da luz que me trazes...
O orvalho dos meus olhos seca-me, então, a garganta...
E por dentro deles a lua esconde-se
Perturbada...

As Pessoas




Acredito nas pessoas... naquelas que possuem algo mais... aquelas que, às vezes, nós confundimos com anjos e outras divindades... aquelas pessoas que existem nas nossas vidas e enchem o nosso espaço com pequenas alegrias e grandes atitudes... aquelas que nos olham nos olhos quando precisam de ser verdadeiras... tecem elogios... pedem desculpas, com a simplicidade de uma criança... pessoas firmes... verdadeiras... transparentes... amigas... ingénuas... que com um sorriso... um beijo... um abraço... uma palavra nos fazem felizes... aquelas que erram... aquelas que acertam... que não têm vergonha de dizer “não sei”... aquelas que sonham... aquelas que passam pela vida deixando a sua marca… aquelas que fazem a diferença... aquelas que vivem intensamente um grande amor...

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Ano Novo ...e de novo o Mar!



Hoje é um Ano Novo…e quando apaziguas a minha angústia devolves-me a inquietação...

Passo então para a outra margem da cidade….abro a alma e o corpo para te encontrar… para me descobrir….para ser a tua foz…o cálice que te recebe, de lábios abertos e doces…
Navegas em mim para te perderes...eu uso um olhar brilhante que se confunde com o azul, quase lilás, que trago de outros lugares…perdes-te no meu rio salgado e doce… saboreias o meu gemido… acaricias os meus receios… penetras a minha concha…vejo-te mergulhar no abismo…apanho-te no salto e embalo as tuas incertezas suaves e transformo-as em ternura dos gritos dos golfinhos…

Já não há margens e as cidades desapareceram… fica-nos o mar… fica-nos o dia com pouco sol que partilhámos tão longe e tão perto…