quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Quase noite...





Muitas vezes,

nos dedos que tacteiam carícias,
está o segredo...
Não sei se morrem
ou se nascem alentos,
mas ao tocarem a pele,
levam a música
das margens que precisamos,
para desvender os mistérios e começar os prodígios...


Depois... a simplicidade
de um desenho
onde existe uma quase noite
que nos traz um brilho especial, porque diferente,
faz acender os sorrisos...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Algures...

"...e vinha a luz

e guardava-te e eu guardava-te
também em lugares mais seguros
que fotografias
ou poemas"...(Sophia de Mello)
e um dia dizias:
...o sol terá a cor para que tenhas sempre um norte ao qual voltar...
então todos os dias te amarro numa palavra e quando me olho, na esgotante loucura dos dias encontro a escuridão mas ...talvez tenhas razão:
...existe algures a luz de um coração...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As emoções ...as palavras




Gostava de olhar-te com os olhos...

Saltar sobre o tempo e arranjar as palavras
Das emoções que me trazes...
Gostava de reacender velhas luzes,
Que pertencem às memórias
E que tu também conheceste...
As palavras...
Sentimo-nos muitas vezes fortes
E justificados por elas,
Decalcamo-las muitas vezes nas paredes,
Na pele, numa emoção...
Pensamos assim aquietar ilusões
Que chegaram
Mas...de repente o seu rosto é estranho
E acusador como um espelho...
A nostalgia das palavras faz-nos indefesos...
Os nossos rios começaram
a correr ao contrário
E sentimos o chão que pisamos inseguro...
Pensamos então que as palavras
Nem sequer são tudo...
O que fica por detrás delas,
O irrecusável silêncio,
Esse sim é talvez mais revelador
Porque conduz às certezas...
...
Tudo parte e tu também partirás um dia
Deixando somente o silêncio...

sábado, 24 de outubro de 2009

Saudades

…se as palavras já foram todas inventadas, como dizia Almada Negreiros, tentarei entrecruzá-las de maneira a dar novos sentidos ao que sinto e pretendo comunicar...
Quando digo "sinto saudades tuas...." talvez não fosse a melhor conjugação porque a saudade é fruto da separação mas sabes...eu também sinto Saudades daquilo que está tão perto de mim e também sinto Saudades de momentos que ainda não vivi??!!....
Consegues agora entender um bocadinho melhor como sinto saudades tuas mesmo tendo estado contigo ontem??!!....não tem sentido de posse, nem sentido de controle, nem nada relacionado com isso... tem a ver com Amor, com Desejo dos teus olhos, com Vontade de sentir a tua pele, com o Sabor da tua boca húmida....no entanto também tem a ver com o facto de haver alguma serenidade em mim que me leva a dizer-te que tenho saudades tuas... saudades calmas, temperadas por ti...

Percebes agora, Amor, como posso sentir saudades, mesmo quando estamos tão juntos??!!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os dias de Junho...





Às vezes medimos os dias de Junho

Pelo despertar do horizonte...
E muitas vezes
Dói-me o olhar...
E os meus anseios
Espalham-se como a brisa
Na quentura das noites
Conservando a tristeza
Do cair da tarde
Quase me doendo
Por dentro da pele...
Depois...
Busco o teu olhar
Para aquecer as mãos
E encontro as palavras...
Mas antes encosto ao coração
A memória imaginada
Do teu rosto
Não abdicando da luz que me trazes...


O orvalho dos meus olhos
Seca-me, então, a garganta
E por dentro deles a lua esconde-se
Perturbada...
...

Falarás um dia, o que quiseres
Dentro da minha boca
Até que a madrugada nos sossegue
E tudo será indelével
Nas palavras que me disseres...
....

Sabes?
Gosto de ti
Mesmo quando não parece
E...sempre mais
Do que parece!!!

Madrugada




Na madrugada perseguindo a luz…
Na beira do mar
Que nós sabemos tão bem ser nosso…
O tempo é mais fresco
E…
De lábios molhados...
Antes que a memória
Nos apague aquilo que não vivemos….
Imagino os teus olhos
Ardendo no meu ser…

Novembro...a luz



A velocidade da luz é uma medida humana…

É a medida do que precisamos para justificar a nossa medida…
O coração bate… o tempo avança….
E ao mesmo tempo tentamos ignorar que as coisas acontecem…
Delicadamente os dias escoam-se…
Mais rápido do que a luz é o desejo…mais lento do que a luz é o esforço da memória…

A vida é no entanto um mecanismo inquebrável!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


Imagens

De noite o silêncio não apaga as imagens
que estão sulcadas no olhar...

As palavras roçam a nossa cara e por detrás do olhar só a escultura das palavras, no hálito profano das manhãs, nos pode perturbar...

Não abdico da luz mesmo gostando das sombras...
E há um relógio que calcula o tempo de cada gesto, com que abri mão dos sonhos de Infância!!!

Estaríamos no mês de Março e havia um postal ilustrado que podia ter sido meu para ti...e que podia dizer:
Gosto de ti mesmo quando estás longe, no alvoroço de te ter perto...
Gosto de ti quando sorris

ao meu embaraço de te dizer que também preciso de ti...

De noite o silêncio não apaga as imagens das palavras que podem descrever os olhares...

Outono

É quase Inverno...
A tua mão irá sobre o meu rosto reacendendo a minha febre…
Em ti ao longo deste tempo,
Condensaram-se todos os cheiros do desejo…
Preparo-me e preciso das tuas mãos
Preciso de ti para tactear os assombros
Da exaltação que me toma…
Tudo em mim estará preparado
Para gritar o teu nome…
Não hoje, não agora… é demasiado cedo…
Há um tempo certo para o deflagrar dos incêndios!!!!
No entanto não te iludas…
A eternidade é o momento que passa… o que foi feito para ti,
Também foi feito para te esquecer…
Segura então todas as areias que puderes
Porque elas serão a eternidade!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

As palavras

Gosto de dizer….dizer escrevendo. As palavras são para mim corpos tocáveis, sensualidades incorporadas. O desejo mudou-se para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem….e tu talvez digas bem mesmo sem formas verbais…
…Como todos os que se movimentam através de emoções, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas. São frases muitas vezes sem sentido, decorrendo numa fluidez de água sentida, esquecendo-me do ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim muitas vezes esbatidas, onde um luar de ideias aparece com medo, matizado e confuso...