terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Branca a Paisagem.. Mais uma vez é Natal



(Avesta - Suécia 2010)
“Meu rosto se mistura com o dia
Nuvens, telhados, ramagens e Dezembro…” (Sophia de Mello)
depois … mais uma vez é Natal… e é Dezembro com ramagens de cheiros e saudades frias de sorrisos…mais uma vez acreditamos que o longe está mais perto
no desejo de um Novo Ano ainda cheio de espanto…

domingo, 20 de junho de 2010

Estadia Eterna





A noite cai devagar…
sem saber onde me encontro…
sem se preocupar com a violência
das marés que me atingem…
Ao longe aconchegas-me….
As tuas mãos tocam-me e o teu corpo aquece-me…
No silêncio da madrugada - na dolorosa transformação da alma – estás!!!
As tuas asas suaves acariciam-me as faces…
E as tuas pestanas molhadas
abraçam-me para me devorarem o medo…

Adormeço

O mar agita-se…
O céu recebe-nos…
Flutuamos no algodão de uma nuvem secreta!!

Estamos sós no interior do nosso coração...
...
És o meu convidado de honra para uma estadia eterna...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Saborear os dias perdidos...





Acordo com o sabor da noite nos lábios
ainda no reflexo da manhã em desalinho
desenho um rectângulo em branco no meu espelho
e com o dedo no vidro
faço o contorno do meu corpo…
com os lábios em surdina te nomeio…
o reflexo brilhante devolve-me em desejo
surdo… mudo…
Preciso das palavras feitas de cores e linhas …

Faço então a viagem necessária
até à tua janela, com o rio ao fundo
onde me possas olhar….

Na tua janela
onde me despes lentamente
onde beijas de olhos abertos o desenho
dos meu contornos…
onde beijas de olhos claros o gemido
das minha cores...

Na tua janela,
Recriamos o amor dos corpos reconhecidos
Reinventamos os sons do comboio quando chegas…
Saboreamos os dias perdidos…
E enchemo-nos de azul….
Com o mar ao fundo…

Chega, depois, de mansinho esta vontade alegre
de ser corpo, areia, água, sereia
chega na maré-cheia, plena de desejos
de ser prenda, flor, seda, amor….

Nestes dias de brisas mornas e sussurros…
nestes dias de lágrimas cor de sal
e de sorrisos de tons de azul…

Chega de mansinho esta vontade alegre
de me embrulhar em papel colorido….
de inventar uma nova cor para o meu vestido
e esperar apenas… que descubras por onde se desatam os nós e os laços
das fitas feitas de raios de sol.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A vida...



A velocidade da luz é uma medida humana…
É a medida do que precisamos….
O coração bate, o tempo avança.
Tentamos ignorar que as coisas acontecem…delicadamente, os dias escoam-se…


Mais rápido do que a luz é o desejo…mais lento do que a luz é o esforço da memória…
A vida é um mecanismo inquebrável!!”

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Como no princípio...


Traz de novo aquele gosto de início e olha-me com fome…
as mãos ansiosas pelo meu corpo…
Beija-me de olhos fechados e diz coisas no meu ouvido
que eu nem sonho…
Adivinha os meus desejos e toca-me
sem medos… descobre os meus segredos e…
sorri quando eu me desesperar de êxtase…
Deixa-me ver aquele brilho de conquista…
o teu corpo encostado ao meu…
a tua saliva na minha pele como um perfume…
Faz-me sentir as tuas mãos e o teu sorriso…
Faz-me sonhar contigo a noite toda e acordar ofegante de lembranças…
Quero outra vez ouvir a minha voz gritar…
Sentir as tuas mãos no meu olhar…
fingindo abafar meus gritos e amando-me cada vez mais…

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Encontro...




Vem, toma-me,
Sou tua...
O mundo existe
Porque tu existes??!!
É bom dizê-lo por isso o digo...

.....

Sobre mim desceu a tua boca...
Bebe-me...
Preenche-me do teu corpo...
Apaga a minha sede....
Estou disponível para a febre do reencontro,
Estou disponível para o encanto do recomeço....
....

Reaprende serenamente
Os lugares onde as mãos
Fazem o sentir...
Os dedos vão sobre a pele
E tacteando reconhecem
O fogo, que sabes,
Irá tomar-te...

.....


Sentes o meu corpo agitar-se...
Percebes quanta luz está aí...
Percorres caminhos imensos de solidão...
Digo-te "Amo-te" ou "desejo-te"
E as palavras bebes tu
No doce sentir da minha boca em ti...
Apetece-me então repetir até à exaustão
"Amo-te, amo-te, amo-te"
E escrever com as mãos,
Com o meu corpo,
A cor e os cheiros que me prendem a ti...
O teu cheiro, o cheiro dos risos,
Os cheiros todos que me chegam
Das noites frias com lareira
E do calor morno do fim das tardes...

.....

Funde-se então o nosso desejo
E leva-nos por abismos,
Por caminhos sem regressos...
Reconhecer-te-ia pelo tacto,
Pelo cheiro...e então...
Penetras-me em meus cumes
Deixando-me lentamente explodir...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ama-me...



Ama-me como possas, como saibas...
Ama-me como se outra coisa não restasse
Que a febre que tenho de ti...
Ama-me antes da dúvida e do medo
E se não chegar...
Ama-me por aquilo que é incerto
E não se explica no amor...
Depois...
Afunda-te em mim...


E as palavras...
De que servem as palavras?
Quando cheios de contentamento do corpo,
Nos entontecemos
E as esquecemos??!!...


Peço-te que me mordas
Que me bebas...
Não permitas que nada
Na minha pele
Escape às marcas dos teus dedos
E dos teus lábios...
Respira-me
Em cada um dos lugares
Do meu corpo...
Cobre-me pela febre...
Pela surpresa e pelo encantamento...
Pela renúncia e pelo recomeço...
............
Ama-me como se morresse...
...como se morressemos os dois
E ao despertar recomeçássemos
Um novo tempo de fascínios...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Palavras e Afectos


“Há palavras que fazem bater mais depressa o coração…” (Almada Negreiros)

...e eu tenho os afectos presos às asas das palavras...afectos que enchem o coração das palavras!
…tenho os afectos presos às palavras porque quero dizer (preciso dizer) que gosto de ti ... enquanto é noite há estrelas com céu e sombras com pouca luz!!!!...

quinta-feira, 25 de março de 2010

À espera de ti...



À espera de ti deitei-me
Nas esquinas do poema…
As gotas de chuva eram mornas
Na pele da minha imaginação…
O dia cinzento na tranquilidade
De uma estação perdida…
Tudo parecia amarelo baço
E os apitos dos comboios
Existiam abafados
No desejo de ver os teus olhos verdes!!
Depois…
Quase conseguia sentir
A brisa do mar na minha face…
O cheiro a maresia…
O som de um avião…
As ondas do poema levaram-me a ti…
Chegaste!!!



terça-feira, 23 de março de 2010

Vazio....



Havia um vazio enorme em mim e muitas loucuras por descobrir…
Havia um vazio enorme em mim e sempre procurei
pelas esquinas do poema…pelas esquinas da vida …
Havia um vazio enorme em mim e os sonhos existiam sem se concretizarem…
Depois…
Apareceste tu e o céu mais azul…
Apareceste tu e eu senti ser a única em ti…
Apareceste tu e preencheste o vazio…
Somente a teu lado senti que me completo!!...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Imaginar...ou viver?!...



Gosto de estar sozinha!...Estar sozinha comigo!
Pensar que estás aí e no entanto imaginar o que farás a esta hora...
Imaginar o teu olhar...Fiquei com a tua imagem no meu pensamento...
Achei alguma melancolia no teu olhar... ou então é no meu quando olho para ti... As vezes não sorrias...

Não sei o que é melhor: Se imaginar ... se viver!!.....

Através dos vidros do comboio...



Ver nascer o sol através dos vidros do comboio...
É engraçado como se pode sonhar através da janela do comboio...
Gosto da sensação estranha que é não ir para lugar nenhum e no entanto...ir!!!
...
No fim saber que afinal há alguma palavra à nossa espera...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Esta noite ainda te espero...


Esta noite ando à beira mar...
E fico a observar as ondas,
Que se derramam
Pela areia branca de uma noite de Inverno...

Esta noite meu coração ainda te espera...

Olho as estrelas e faço um pedido...
E a Lua, para mim sorrindo,
Esconde-se como que envergonhada
Atrás das nuvens...

E o meu coração ainda te espera...

Talvez mais tarde…depois da espera…
Acordarei então e sorrirei contigo....

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Arriscar...




Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas, o longo
caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua
frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que
desaparecer para sempre....

Mas não há outra maneira, o rio não pode voltar a trás...
Ninguém pode voltar, isso é impossível na existência.
Só se pode apenas ir em frente....

O rio precisa arriscar e entrar no oceano e somente quando ele entra é
que o medo desaparece....porque apenas então o rio saberá que não se trata
de desaparecer no oceano,  mas sim, tornar-se oceano...
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós... só podemos ir em frente e arriscar!!!!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Poder das Palavras...







Se me disseres que me amas, acreditarei. Mas se escreveres que me amas,
Acreditarei ainda mais…
Se me falares de saudades, entenderei. Mas se escreveres sobre elas,
Senti-las-ei junto contigo…
Se a tristeza vier e me contares, eu saberei. Mas se a descreveres no papel,
o seu peso será menor…

…e assim são as palavras escritas...possuem um magnetismo especial...
libertam... acalentam...invocam emoções... possuem a capacidade de, em poucos minutos, cruzar mares...saltar montanhas... atravessar desertos intocáveis….
É por isso que deves viver o amor com palavras faladas e escritas....


Matar saudades...pedir perdão... aproximares-te...
Recuperar o tempo perdido... insinuares-te...
Usares a palavra a todo o instante...de todas as maneiras….
A sua força é imensurável….


“Quem escreve constrói um castelo,
E quem lê passa a habitá-lo”…
É por isso que habitarás sempre o meu castelo
E serás dono e senhor dele!!!



domingo, 17 de janeiro de 2010

O caminho da vida é vazio...




..."Dormi contigo toda a noite
junto ao mar, na ilha.
Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água." (Pablo Neruda)
...
Tenho saudades de te contar
os momentos que afinal não vivi
mas que são
tão reais que chegam a doer...
tão verdadeiros que chegam a magoar...

No silêncio intocável
desta tarde ...
onde o mar não se agita
e o perfume dos abraços
não é mais que uma ilusão...
O sabor da terra, da água do mar,
das algas e da aurora molhada...
Leva-me a vontade de permanecer aqui,
agarrada a palavras perdidas...
porque afinal o caminho da vida é vazio
e tu ....tu és tão sozinho como eu neste caminho
onde o sabor dos dias é feito
de pequenos sinais de afecto...
de pequenas frases de luz....
de apegos e desapegos...
que nos enchem os dias e nos fazem sorrir...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sentei-me em frente ao mar...





Estarei sozinha sentada em frente ao mar…
Procurando perder-me na lonjura
Dos dias e dos momentos…

Não quero deixar a serenidade
Dos momentos que vão correndo agora
Na minha vida…
Não quero imaginar esta noite…
Sonhar esta noite…
Por isso me sentei em frente ao mar
Para que a brisa apague e seque
As lágrimas que eventualmente
Teimem em cair…

Amanhã começa o Outono
Amanhã a beleza das folhas das árvores
Vai tornar-se mais interessante…

Hoje existo eu apenas…e o mar…
À espera daquele a quem chamo
O amor da minha vida!!...
Hei-de existir sempre eu apenas e o mar
Sozinha…porque somos sozinhos…

E mesmo não conseguindo entrar no teu olhar
Imagino os teus olhos
Olhando, com os meus,
Nesta noite que podia ser tão nossa…

Junto ao mar as recordações esfiam-se...




Junto ao mar
Adormecem agora, entre as sombras
Dos rochedos,
As recordações que se esfiam
E que o coração em si reteve...
Da solidão as arestas duma lágrima...

Reaprendo a trama, afagando a luz
Nas enleadas águas que entre as mão me doem...
...
Por caminhos (tão diferentes de outros) tu vieste
E trazias-me em ti
Todos os fios de água que a terra te doara...
Vinhas talvez à procura de um rio
Onde escreveres a cor dos teus regressos e ausências
Que ao longo do tempo proclamavam
Vidros de lágrimas pintados de revolta...
...
Tomei-te pela boca...pela nascente dos teus rios...
Já não sei da luz que me trazias:
Eram talvez as mãos que sôfregas procuravam
Os pontos dourados dos prodígios...
...
Nas clareiras abertas dos nossos corpos nus
Construímos portos, plantámos flores...
Mais rubras que o coração ousou...
Com as tuas mãos abertas
Recolheste a luz e a palavra
Falando do sentido dos dias que viriam...
Com os olhares relembro
O teu corpo sobre o meu...
O redobrar das águas...
O assombro gritante do mar...
...
Depois segurei entre as minhas margens
As tuas margens
E mil vezes naufraguei, colhi despojos, mas...
Sempre um longe me sobrou
E...não bastam as palavras
Porque os seus usos vários já se gastaram...
...
Sobre o meu ventre nu
As tuas mãos exilam
E correm rios dourados de prodígios...
Vogam agora ao acaso dum som,
Duma emoção que os transcende...
...
Os pensamentos doem bem mais que as feridas...
Aos pássaros que adormeceram nos teus olhos
Perguntarei pelos teus voos
E dos rios, um dia, beberei
A água das lembranças...
...
Sobra sempre uma palavra transparente
Para recolher o fruto e segurar um novo dia
num murmúrio cansado de esperar...

Flores de Pessegueiro...



Apareceste um dia
E sorriste!
Disseste palavras soltas...
Que soaram a doce e cheiravam
a flores das árvores de pessegueiro...
Depois...
Olhando para ti
Dei-te aquilo que para mim
Se torna sempre especial...
O meu sentido de vivência...
A minha intimidade...
Sem construir fronteiras,
Tentei que acolhesses aquilo que te dava...
E...foi tão bom saber
Que também eu, posso, com carinho
Temperar os teus dias...
e...foi tão bom adivinhar
Poder contar contigo
Quando as manhãs forem despidas
Do cheiro das flores
E já não houver palavras doces nos meus dias...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A Luz...




Busco o teu olhar para aquecer as mãos e encontro as palavras...
Mas antes encosto ao coração a memória imaginada do teu rosto...
Não abdicando da luz que me trazes...
O orvalho dos meus olhos seca-me, então, a garganta...
E por dentro deles a lua esconde-se
Perturbada...

As Pessoas




Acredito nas pessoas... naquelas que possuem algo mais... aquelas que, às vezes, nós confundimos com anjos e outras divindades... aquelas pessoas que existem nas nossas vidas e enchem o nosso espaço com pequenas alegrias e grandes atitudes... aquelas que nos olham nos olhos quando precisam de ser verdadeiras... tecem elogios... pedem desculpas, com a simplicidade de uma criança... pessoas firmes... verdadeiras... transparentes... amigas... ingénuas... que com um sorriso... um beijo... um abraço... uma palavra nos fazem felizes... aquelas que erram... aquelas que acertam... que não têm vergonha de dizer “não sei”... aquelas que sonham... aquelas que passam pela vida deixando a sua marca… aquelas que fazem a diferença... aquelas que vivem intensamente um grande amor...

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Ano Novo ...e de novo o Mar!



Hoje é um Ano Novo…e quando apaziguas a minha angústia devolves-me a inquietação...

Passo então para a outra margem da cidade….abro a alma e o corpo para te encontrar… para me descobrir….para ser a tua foz…o cálice que te recebe, de lábios abertos e doces…
Navegas em mim para te perderes...eu uso um olhar brilhante que se confunde com o azul, quase lilás, que trago de outros lugares…perdes-te no meu rio salgado e doce… saboreias o meu gemido… acaricias os meus receios… penetras a minha concha…vejo-te mergulhar no abismo…apanho-te no salto e embalo as tuas incertezas suaves e transformo-as em ternura dos gritos dos golfinhos…

Já não há margens e as cidades desapareceram… fica-nos o mar… fica-nos o dia com pouco sol que partilhámos tão longe e tão perto…