sexta-feira, 14 de maio de 2010

Saborear os dias perdidos...





Acordo com o sabor da noite nos lábios
ainda no reflexo da manhã em desalinho
desenho um rectângulo em branco no meu espelho
e com o dedo no vidro
faço o contorno do meu corpo…
com os lábios em surdina te nomeio…
o reflexo brilhante devolve-me em desejo
surdo… mudo…
Preciso das palavras feitas de cores e linhas …

Faço então a viagem necessária
até à tua janela, com o rio ao fundo
onde me possas olhar….

Na tua janela
onde me despes lentamente
onde beijas de olhos abertos o desenho
dos meu contornos…
onde beijas de olhos claros o gemido
das minha cores...

Na tua janela,
Recriamos o amor dos corpos reconhecidos
Reinventamos os sons do comboio quando chegas…
Saboreamos os dias perdidos…
E enchemo-nos de azul….
Com o mar ao fundo…

Chega, depois, de mansinho esta vontade alegre
de ser corpo, areia, água, sereia
chega na maré-cheia, plena de desejos
de ser prenda, flor, seda, amor….

Nestes dias de brisas mornas e sussurros…
nestes dias de lágrimas cor de sal
e de sorrisos de tons de azul…

Chega de mansinho esta vontade alegre
de me embrulhar em papel colorido….
de inventar uma nova cor para o meu vestido
e esperar apenas… que descubras por onde se desatam os nós e os laços
das fitas feitas de raios de sol.

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